domingo, 1 de agosto de 2010

O presente [3]

Yara, Yara…
Alguém me chamava…de longe, muito longe…
Acordei…Onde estava? Sentei-me na cama e de repente os acontecimentos da noite anterior começaram a desfilar diante de mim…e atrás da porta, mais uma vez… Yara, Yara…
Levantei-me fui abrir e lá estava o Paulo, mas um outro Paulo…com um olhar diferente, parece que os seus olhos brilhavam com uma intensidade que ofuscava…
- Desculpa, acordar-te…mas, o sol já nasceu…e nem sabes o que aconteceu… abre a janela…vai ver…
Corri para a janela e abri…eu não queria acreditar no que os meus olhos viam…lá foram um tapete branco cobria todo o areal…tinha nevado, possivelmente a noite toda e eu que quase não tinha dormindo nem tinha dado conta…
- Que lindo! Adoro neve, que surpresa boa! - Exclamei
- Também eu …acredito que este seja um presente para mim, logo hoje que tenho que partir…
- Espera, deixa-me acordar, tive uma ideia…já te explico…
- Já acendi a lareira e vou preparar o pequeno-almoço.
- Calma, vou procurar-te uma muda de roupa, para tomares banho, deve haver por aqui algures…
E peça a peça a roupa lá ia aparecendo, consegui tudo e ainda um bom agasalho, o Paulo sorriu quando viu o monte de roupa que eu tinha conseguido! Enquanto ele tomava banho eu ia arrumando o meu quarto e maquinando o meu plano.
O Paulo apareceu com a “roupa nova” e foi então preparar o pequeno-almoço enquanto eu me preparava. Tomamos o pequeno-almoço em silêncio, como se já estivesse tudo dito e nada mais houvesse para dizer, mas não era isso, o Paulo ia-se “despedindo” e eu arranjando coragem para lhe explicar o meu plano, sentia o tempo a passar e de vez em quando cruzávamos o olhar, mas cada um de nós estava entregue aos seus pensamentos e ninguém ousava falar, até que foi o Paulo que arriscou…
- Yara, agradeço-te tudo do fundo do coração, nunca esquecerei estes momentos, nem aquilo que eles representaram para mim, mas agora sei que é hora de partir…
- Espera, há bocado disseste que a neve era um presente para ti, por outro lado está tudo cheio de neve, apesar de estar sol ainda demorará algum tempo até que derreta, o carro está mergulhado na neve, até à cidade ainda são alguns quilómetros e com este frio seria horrível fazermos o caminho a pé, ainda mais que eu depois teria que voltar sozinha, sei que devias partir, aliás já devias ter partido há muito tempo, em casa não temos muita comida, mas um dia também se passa de qualquer maneira, há leite, iogurtes, pão e bolachas… e se fossemos desembrulhar o presente?
Paulo levantou-se, como que não acreditando nas minhas palavras…
- Falas a sério? Achas que pode ser?
- Claro que sim! Um dia não fará diferença!!!

2 comentários: