sexta-feira, 17 de setembro de 2010

No Aerorporto... [32]



Acordei...tinha adormecido no meio do meu choro, E...tinha sonhado, um sonho estranho, que comecei a analisar e quanto mais o analisava, mais começava a fazer sentido. Por isso num ímpeto levantei-me e corri para casa. Peguei numa mala e coloquei dentro três mudas de roupa, peguei a chave do carro e sai, voltei ainda atrás buscar um casaco. Não podia perder nem mais um segundo, nem podia parar para pensar, senão desistia de tudo..
Conduzi que nem uma louca.É verdade. A alta velocidade, ultrapassando tudo e todos, mas tinha que ser...O Jorge ia para África e eu ia com ele...Ia realizar o meu sonho junto do homem que me amava...
Chegando ao aeroporto, estacionei o carro e fui entrando...Foi nessa altura que mil pensamentos vieram até mim... O Paulo, os meus pais, o meu trabalho, o projecto do Paulo e a promessa. Fiquei desarmada, não podia...Também não tinha passagem, eu estava completamente doida. Sentei-me para organizar as ideias. Permaneci quieta, sossegada em mim, tentando meditar em tudo calmamente. E quando me preparava para abandonar o aeroporto avisto o Jorge que entrava- Ele também me viu...e corremos um para o outro:
- Onde vais???
Enquanto lhe tirava a passagem que ele tinha na mão...

- E tu que fazes aqui? vens comigo?


Mas antes que eu pudesse responder...Agarrou-me, e envolveu-me num abraço muito forte, como se o mundo fosse acabar, de seguida beijou-me e eu deixei-me ir. Foi nessa altura que senti a verdade das suas palavras e do seu amor. Mas, o meu amor...Onde estava? Já tinha partido e eu serenei. Queria dizer-lhe que restava a amizade, mas conhecendo-o como eu o conhecia, não adiantava. Por isso libertei-me do beijo, coloquei-lhe nas mãos a passagem, agarrei nas minhas coisas e corri, corri porque não aguentava vê-lo partir, corri porque ele só queria o amor e eu do amor só queria fugir...
 
Quando já estava bem longe do aeroporto, parei. Chovia imenso e eu nem sabia muito bem situar-me. Procurei um sítio para me abrigar da chuva e ali fiquei imenso tempo, como que anestesiada com toda a situação. O Jorge tinha ido embora, e eu nem sabia para onde. Um adeus definitivo, bem ao estilo dele, mas não ao meu. No entanto essa era a verdade que passava a acompanhar-me. Mesmo sabendo que nada é definitivo...

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