quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Saudades...[28]

Chegando a casa fui recebida pelos pescadores, havia cartazes e uma surpresa...
 - Yara!!Bem vinda a casa! Já chegou o nosso barco que tem o teu nome, é lindo, assim que estejas melhor tens que ir vê-lo  - ia dizendo o Sr. Francisco
Eu sorria e dei-lhe um abraço enorme. Adorava aquela gente, eram tão simples quanto eu.
Trouxeram peixe e muitos sorrisos!!


Que saudades do meu mar, que saudades do meu alpendre e da minha liberdade...Que por enquanto ainda ia ser "condicionada", mas, era o possível e quanto a isso não haveria volta a dar. Os meus pais ficariam comigo, tínhamos combinado que seria apenas uma semana.
Quis ficar um pouco no alpendre a respirar aquele ar limpo, suave, que me fortalecia. E a ouvir o meu mar, precisava de estar ali, tinha acontecido tanta coisa que a minha cabeça nem conseguia processar tudo. Precisava de tempo, e de silêncio... Recordei o meu silêncio, o silêncio de luz, o silêncio branco, o silêncio de paz. Tinha estado em coma e isso mostrou-me nitidamente que eu tinha um corpo e uma alma, e que eles se separam, tinha sido uma experiência fantástica, apesar de todo o incómodo que estava a sentir, mas, a verdade é que tinha gostado muito de ter estado no outro lado, no entanto sabia que para bem da minha integridade psíquica não poderia dizer a ninguém que tinha gostado de estar em coma... E ri com vontade, já há tanto tempo que não ria. A minha mãe ouviu e veio ver o que se passava...

- Yara! Que alegria, estás a rir? Que foi?
- Nada de especial...Estou viva, verdade?
Essa era a verdade. E a realidade que mais importava naquele momento. Tudo o resto podia esperar. Eu estava viva e o mundo podia continuar a contar comigo, tinha tido umas férias inesperadas, e assim sendo ia aproveitar para continuar a descansar...

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